domingo, 1 de julho de 2012

Faxineira junta dinheiro e compra apartamento de frente para o mar


Com um bom humor e muita disposição, Rita construiu um patrimônio de dar inveja. Ela comprou um apartamento de 155 metros quadrados.

 

Kíria Meurer Itapema, SC
O ritmo é forte. O serviço é pesado. Mas a aposentada Rita Graczyk sempre foi uma daquelas pessoas apaixonadas pelo trabalho. “Eu gosto. Imagina se eu não gostasse. Gosto muito”, diz.Ela aprendeu a combinar capricho e economia. “Não é o produto que limpa, mas sim o esfregar, o capricho e a boa vontade”, resume.Rita costumava fazer 14 faxinas por semana. Ela limpava uma casa de manhã e outra à tarde. No sábado, ainda deixava os corredores e as escadarias de três prédios brilhando. Como ela conseguia fazer tanta coisa em tão pouco tempo?“Acelerando e trabalhando sempre em cima do relógio”, responde. “Tudo eu economizo, até meu tempo.”Para varrer a casa? Quinze minutos. Para tirar o pó? Vinte minutos. Para lavar o banheiro? Mais 20. O passo acelerado é outro segredo de economia de Rita.“Sempre fui trabalhar a pé. Nunca utilizei ônibus. Nunca fui de carro, sempre a pé. Ando até 40 minutos, mas o segredo era levantar mais cedo para chegar no horário”, conta.
Com um bom humor danado e muita disposição, a faxineira construiu um patrimônio de dar inveja. A duas quadras de uma das praias mais badaladas de Santa Catarina está o apartamento de 155 metros quadrados que Rita também limpa com gosto, mas por puro prazer: no local, ela faz o papel da dona de casa.
"Quando eu vim morar para cá, eu me beliscava. Será que isso é nosso mesmo? Será que isso não era um sonho?", lembra Rita.
Para comprar a beleza de apartamento, Rita não pediu dinheiro em banco. Fez uma "matemática".
“Nós guardamos dinheiro, compramos três terrenos, esperamos os terrenos valorizar e depois vendemos e pagamos com mais um pouco de dinheiro que nós juntamos. Foi o que a gente fez”, explica.
Na época, ela ainda deu um jeitinho de não vender o antigo apartamento. Viu nele uma boa fonte de renda. “Não se deve vender o que a gente tem. A gente tem que adquirir para comprar outro, não vender”, ensina.
A lógica de Rita não parece lição de economia? Ela completou 60 anos e há dois meses decidiu parar de fazer faxina na casa dos outros. Mas só pôde se dar ao luxo porque a vida inteira controlou cada tostão. Ela nunca atrasou uma conta.
“Se você deixa hoje atrasar, amanhã tem duas. O condomínio é a mesma coisa. Você tem desconto de 20% pagando em dia. Você junta o ano todo, consegue pagar as duas últimas parcelas só com o desconto que teve durante o ano”, explica.
A filha, a pedagoga Josiani Graczyk, aprendeu com o exemplo: “Não pode gastar mais do que tem. Isso não pode.”
Rita só faz compras à vista. Teve paciência para juntar dinheiro e pagou todos os eletrodomésticos do apartamento novo de uma vez só. Faturou um desconto de R$ 1.050. “Dá para dizer que praticamente a máquina de lavar roupa veio de graça”, reflete.
Ela não usa cheque nem cartão de crédito. Comida, ela sempre faz em casa. Ela precisa pensar para se lembrar da última vez que foi a um restaurante. “Agora lembro. Nós fomos comer fora quando a gente fez 25 anos de casado. Isso faz uns seis anos. Isso aí ajuda muito na economia de cada um, por isso a gente consegue comprar as coisas. Não é porque ganha um monte de dinheiro, não.”
Na hora de comprar roupa, Rita ensina: para fazer economia, é preciso gastar um pouco mais. “Eu compro roupa boa, pago um pouquinho mais caro, lavo ela no tanque, não coloco na máquina. Posso até botar para centrifugar e depois eu passo ela do avesso. A roupa dura mais.”

Rita cobrava R$ 50 por faxina. Juntando o salário dela com o do marido, que é pedreiro, a soma chegava perto de R$ 3 mil. Rita pode se esbaldar agora porque sabe direitinho quanto custa ganhar e guardar o dinheiro.

0 comentários

Postar um comentário